Quisera eu mesma escrever uma história que
despertasse um medo inominável,
levantando um horror sem tamanho.
História que não deixasse o leitor olhar a
sua volta.
Congelaria seu sangue e fizesse seu
coração disparar.
Mary Shelley's – Frankenstein
Marcello Luís Lemos Chaves
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia
A epígrafe acima, introdução do
filme dirigido por Kenneth Branagh baseado na obra de Mary Shelley, traz na
metáfora do horror a problemática filosófica da modernidade. Abre-se o abismo
no qual mergulha a existência humana, no qual estão a solidão do eu cartesiano,
a angústia de Kierkegaard, o pessimismo de Schopenhauer, os conflitos entre fé
e ciência e do qual, armado apenas com a razão, esse mesmo homem tentará
emergir, valendo-se da astronomia de Copérnico, da física de Newton, do
evolucionismo de Darwin. A matematização da natureza aponta mais que um
caminho, constitui-se como a única esperança de “salvação”. Nesse cenário
surgem inúmeros autores não só na filosofia, como os citados acima, mas também
na literatura, que, em obras geniais, põem em evidência as chagas e as dores do
homem moderno, principalmente no que se refere a perda do amparo metafísico:
Shakespeare, Dostoievski, Mary Shelley, Bram Stoker, entre outros. O Deus morto
é arrancado a fórceps das mentes modernas, restando-lhes a solidão e a
finitude. Perdemos o consolo do absoluto, o conforto das garantias eternas,
ficamos a sós com a efemeridade da nossa existência; como crianças órfãs,
abandonadas à sorte de um futuro incerto a ser construído a cada dia, tendo na
sua própria construção a experiência da elaboração de uma nova maneira de
viver, de estar no mundo. Um sendo no mundo que vai deliberando no ato de ser a
própria maneira de ser, tateando. Por isso a dor maior do ser humano na modernidade,
daquele que testemunhou a morte, velou e sepultou o absoluto de Deus. Decerto
tentar esgotar a descrição de um período histórico tão grande e rico como a
modernidade em poucas páginas, mesmo se tratando de um assunto específico como
a Melancolia, seria uma tentativa tão pretensiosa quanto estéril. Busca-se com
esse ensaio, apenas relacionar as características principais da Melancolia na
modernidade e os fatores culturais responsáveis pelo agravamento desse
sentimento em relação aos períodos históricos anteriores, tendo Frankenstien, o
clássico da literatura de Mary Shelley como base para interpretação. Trata-se
de evidenciar traços gerais de uma cultura e época específicas.
A afirmação contumaz da Melancolia
como um mero sintoma da depressão, muito comum nos dias de hoje, nos quais a
depressão foi considerada realmente uma patologia e assumiu epítetos de “mal do
século” ou “doença da alma”, ganhou mais notoriedade e consequentemente mais
interesse e estudos, é uma afirmação extremamente reducionista e navega em
sentido contrário a toda uma tradição filosófica e literária, que desde a
antiguidade grega, desde o mito, manifesta-se no sentido de buscar entender,
descrever, evidenciar a M, ou até prescrever maneiras de lidar com ela. Aqui,
aborda-se a Melancolia enquanto conceito e problema filosófico, referenciado na
tradição, direcionado à modernidade, mas sem perder as perspectivas
contemporâneas. O tema M está presente nos textos de autores antigos com uma
abordagem mais “literária”, como Homero e Hesíodo, ou autores com uma abordagem
mais científica/filosófica, como Hipócrates e Aristóteles. Essa dupla abordagem
não se limita à Idade Antiga, percorre toda a história até os dias de hoje. A
modernidade não se fez de exceção; pelo contrário, esse foi período no qual a M
foi mais tratada, seja através da racional ou do simbólico, o tema foi abordado
em diversas obras, algumas dessas posteriormente tornaram-se clássicos da
literatura e da filosofia.
No
seu título original, Frankenstein: or the
Modern Prometheus, impossível não perceber a clara referência à mitologia
grega, as origens da problemática tratada decerto remete a outras épocas, estão
fundadas no passado, mas assumem novos aspectos a cada era. A mitologia nos
oferece importantes chaves para a análise filosófica da M, a começar pela Queda
Adâmica. Ao serem expulsos do paraíso Adão e Eva, caídos no mundo, são
apartados do convívio com o absoluto, fadados às agruras de Tempo e ao cruel,
ao contingente e ao efêmero da vida. A lacuna gerada pela queda não pode mais
ser preenchida e surge a consciência da distância impossível de ser
reaproximada. A M se constitui exatamente como esse sentimento latente gerado
pela consciência justamente dessa lacuna, aperceber-se do infinito na finitude.
A relação com o mito de Prometeu mostra o enfoque naquele que pretende
restaurar o convívio com os deuses, reverter a queda, aquele que busca a
reconciliação com o fogo divino. A busca desse novo eu moderno, retalhado,
multifacetado nas suas referências e significados, perseguindo um sentido na
metáfora da perseguição a um pai (ou absoluto) que se esquiva e repudia sua
criação. Homero já avança no sentido de uma reconciliação com o cosmo e
consigo, a volta à Ítaca como a volta a si, a jornada do herói, da fragilidade
humana que busca vencer os desafios e a superioridade da natureza apenas armado
com a razão, que busca conhecer e se autoconhecer para viver bem, para vencer a
natureza e a Ὓβρις (Hybris). A
jornada homérica prevê o eterno conflito da Μῆτις x Φύσις (Métis x Physis). Outras chaves também são
oferecidas por pensadores antigos, descrições mais detalhadas da M, Μελαγχολία
ou Bile Negra, dos estados da alma provocados por ela, os humores e suas
influências nos comportamentos, bem como as supostas substâncias e hábitos que
amenizam ou acentuam a M; as obras “Da Natureza do Homem”
e “O Problema XXX”, atribuídas a Hipócrates e a Aristóteles
respectivamente, são relevantes exemplos.
Na Idade Média a M foi associada
diretamente a um fastio de Deus, a Acedia ou a melancolia monástica, era
caracterizada por um tédio, uma preguiça associada a um excesso do divino. A
forte presença do sagrado na explicação do mundo e nas garantias eternas gerou
uma falsa proximidade, uma falsa reconciliação com o absoluto, encontrada na cultura,
nas técnicas e nos atos, mas não encontrada no interior de cada um. Mesmos
embriagados pela fé a lacuna do absoluto não era preenchida, essa embriaguez,
esse transbordar do absoluto se revelou em fastio. E mesmo na época onde o
divino esteve culturalmente mais próximo e enraizado no humano, ainda assim, a
marca da M se impôs como denúncia constante da finitude humana.
Na modernidade esse Deus medieval
que se sobrepunha a tudo a ponto de entorpecer a razão e os sentidos, que
gerava o fastio, é dado como morto, é superado pela razão. O trauma dessa morte
gera um eu estilhaçado, é assim que chega a humanidade à modernidade, sem
referências absolutas, fragmentada por várias crenças e possibilidades. A falta
de um caminho ou sentido absoluto para a vida torna-a ainda mais angustiada,
rebaixada à frieza e à solidão da existência. A obsessão de Victor
Frankenstein, nome do personagem que cria o monstro, pois assim a autora se
refere ao fruto da obsessão de Victor, como “criatura”, “monstro”, “demônio”,
“desgraçado”. Essa obsessão o leva a se afastar de sua família e do mundo, para
na apatia da solidão o gênio criativo se lançar em sua busca pelo divino, pelo
absoluto perdido, criar a vida, imitar Deus, reconciliar-se com o absoluto.
Melancolia dupla, do pai e do filho, do criador e da criatura, ambos perdidos
na busca de significados e sentidos, criatura de aparência monstruosa, mas de
razão apurada, sempre condenado à solidão pelo que aparenta ser, a clara mostra
da perda do valor de ser em função do aparentar ser. A modernidade se vê em um
quarto escuro e sem janelas, onde a única porta que se mostra à luz chama-se
razão.
Contemporâneo ao Frankenstein também
surge a figura do Vampiro, Polidori mais tarde escreveria o romance “O Vampiro”, que seria a primeira história
ocidental contendo o vampiro como conhecemos hoje, e que décadas depois
inspiraria Bram Stoker no seu Drácula. Percebe-se as transfigurações propostas à
figura humana, a maneira distorcida e aterrorizante de caracterizar
simbolicamente esse novo humano. A solidão do vampiro é a solidão do eu
moderno; alimentar-se do sangue do outro, da sua essência, daquilo que pulsa
nas veias, apreendendo-o, definindo o outro, garantir a sobrevida do eu ao
roubar a vida do outro, ao torná-lo o mesmo; a sua fuga da cruz – a representar
a fuga do simbólico, do divino, do absoluto; a sua falta de reflexo no espelho
como a metáfora da falta de significado, de sentido para a vida; frieza
fúnebre, palidez mórbida; a capacidade de esfumar-se ou metamorfosear-se em
bestas; sugar o sangue é sugar a essência vital, o que constitui o outro como
outro, sua singularidade. Essas deformidades desse novo corpo refletem, ou
buscam refletir as nossas deformidades de caráter. O Capitão Ahab, da obra Moby
Dick, do escritor estadunidense Herman Melville, também nos traz as mesmas
reflexões – o corpo mutilado pela besta é o motivo do seu ódio, que representa
o conflito entre razão e corpo, entre racional e animal. A perda da integridade
do eu e a impossibilidade de sua reconciliação com o absoluto. Uma ambição tão
grande em vencer o bestial em nós tornando-se a própria bestialidade, uma busca
tão desenfreada pela razão que em si torna-se irracional. A ambição da razão
humana de atingir níveis cada vez mais altos, feitos cada vez mais gloriosos,
uma ambição desmedida, a mesma que impedia Odisseu de retornar à Ítaca.
No campo da filosofia o eu
cartesiano inaugura a modernidade, o que até agora necessitava de significação
externa passa a ser significado pelo eu. Essa inversão de sentido filosófico
tem consequências diretas na teoria do conhecimento, ética, política, religiões
e também no tema M. Autores como
Kierkegaard e Schopenhauer ao tratarem de
temas como a angústia e o pessimismo, inauguram uma nova etapa na tradição
filosófica e trazem a M de volta à evidência. Cabe relembrar que não pretende-se
o esgotamento de toda a explicação acerca do tema no período proposto, mas
apenas seus aspectos principais, dentre os quais se destacam a perda do amparo
metafísico e das garantias eternas, bem como as deformidades de caráter
expressas nas metáforas literárias.
Na versão de Frankenstein (1994)
para o cinema, dirigida por Kenneth Branagh e com a atuação magistral de Robert DeNiro, a
história começa com o capitão percebendo
o quanto custa a obsessão de conhecer o mundo, neste momento depara-se com o Dr.
Frankenstein, atormentado e perseguido por uma besta aterrorizante, pela sua
própria criatura. A fuga sem êxito até os confins da terra apenas refere-se à
impossibilidade de fuga, um mal que não se desfaz, que não tem lugar ou tempo,
do qual não se escapa, pois é atributo inexorável da condição humana. Desde
pequeno, o sempre ávido Frankenstein é fascinado pelo conhecimento – uma razão
infante, curiosa por natureza e que, se bem alimentada, estará propensa a um
futuro muito promissor. Assim cresce o jovem cientista, uma razão ávida, capaz
de solucionar os mais intrincados mistérios, de desvelar os maiores segredos da
natureza, de elevar-se ao absoluto.
Tudo se encaixa perfeitamente bem na
vida do jovem cientista até chocar-se com a finitude e a efemeridade da vida. A
morte da mãe, a quem ele era por demais ligado, prostra-o em profundo estado de
M. A impossibilidade do jovem e promissor gênio de vencer a simplicidade e a
objetividade da morte acarreta em uma mudança radical na vida do futuro Dr.
Frankenstein. A evidente lacuna deixada pela perda do amparo metafísico, “ninguém
deveria morrer” - a promessa no túmulo da mãe intenta por fim a morte – o
humano tentando através da razão buscar a transcendência, a eternidade. A morte
da mãe torna-se uma obsessão: a busca desenfreada por vencer a finitude. Surge
então a saga do Prometeu moderno... a busca da explicação racional para o
absoluto, aquilo que vai além do domínio da razão, a síntese metafísica. “God
will punish you” – DeNiro (ainda como o corpo que será a base da criatura)
antes de ser enforcado nega a vacina contra a peste (ciência) e clama por Deus,
seu clamor é interpelado pela lei (a lei positivista, senhora dos atos). A
irracionalidade que clama por Deus é executada sob o deleite do olhar frenético
da turba – a razão que o condena e mata aplaudida pela própria irracionalidade,
igualando-se a ela no extermínio. Deus está morto! Porém a transição é penosa,
abrir mão de todas as garantias divinas em prol de uma razão que não dá
garantia nenhuma é angustiante. No filme Creation (2009) sobre a vida de
Darwin, o diretor Jon Amiel mostra claramente a angústia do homem temente a
Deus, com a crença enraizada nas suas entranhas através dos séculos, em franca
luta com o cientista, que através da razão, contradiz os dogmas religiosos.
Vencer a morte torna-se o sentido da
vida do Dr. Frankenstein, sua baleia-branca, a coisa, sua obsessão. A M se
instaura de tal maneira em sua alma que gera uma obsessão sem limites, a
desmesura desse sentimento intenta a superação do humano, busca a
transcendência na imanência, não mais se espera a morte (ou uma suposta vida
após a morte) para se reconciliar com o divino, para obter os aspectos da
infinitude e eternidade, isso agora passa a ser desejado em vida. Vencer a
própria condição humana enquanto homem, a desmesura, a hybris. Mas o desespero
do criador perante o resultado da experiência remete-nos à reflexões
recorrentes acerca dos limites da nossa humanidade e das consequências éticas.
Há muito mais dor e medo nas consequências dos atos de uma razão sem limites,
que busca o absoluto desmedidamente, do que nas consequências naturais
implicadas no ser humano. A criatura gerada causa medo, repulsa e negação, a
tentativa de uma vida proveniente do desrespeito ético, da desmesura humana,
não significa realmente um viver.
A criatura é expulsa da cidade,
causa repugnância nos moradores – o outro causa repulsa ao mesmo, as novas e
diversas formas de ser, criadas a partir da falta de um modelo padrão
divinamente orientado, faz com que as diferenças passem a ser reguladas pelos
próprios diferentes. Não há mais um paradigma externo onisciente, presente e
potente que regulamente o modo de ser. A criatura vaga pela floresta, busca um
significado nas coisas, na natureza. O que na verdade o homem moderno tem como
sua maior contribuição: a matematização da natureza. Desde a Revolução
Copernicana se instaura a possibilidade de se conhecer e utilizar a natureza e
os recursos naturais da maneira mais precisa possível, matematicamente. Essa
possibilidade é um dos fatores que fortalecem a obsessão do cientista e
diminuem a sua capacidade de deliberação. Apesar de toda a capacidade de
significação da natureza, a criatura só volta a maravilhar-se, a encontrar
sentido, quando é atraída pela flauta do ancião cego. A humanidade resgatada
através do divino no próprio humano, algo que é apenas intuído, que não pode
ser compreendido. O romantismo expresso na música reflete claramente o “outro
da razão” da modernidade. No seio da própria Idade da Razão já aparece a
denúncia da tentativa de absolutismo dessa mesma razão.
A criatura vive escondida entre os
porcos, se alimenta com eles, conhece as noções básicas de humanidade através
da perspectiva da pocilga. Alfabetiza-se a sombra de uma família camponesa.
Alimentando o corpo e a alma com migalhas e restos de humanidade, vive à
margem. O conhecimento lhe traz luz e trevas, liberta a sua mente, mas ao mesmo
tempo, aprisiona-a; ao começar a ler o diário de seu criador desperta a
consciência do seu eu e o desejo de vingança. Dá-se início à busca pelo Pai,
não pelo amor, mas pelo ódio. A vingança começa por Willie (jovem irmão do seu
criador) e Justine – a Justiça que morre condenada por um crime que não
cometeu. O indivíduo agora liberto da culpa e do olhar vigilante de Deus, tem o
potencial para ser afetado pela beleza da melodia da flauta do cego e para
estrangular com as próprias mãos uma criança até a morte, olhando nos seus
olhos, vendo-a morrer: os poderosos filhos da razão e suas criações não nascem
éticos. A natureza humana necessita ser acolhida e trabalhada. A extrapolação
do “estar liberto de Deus” se dá em comportamentos como o de Fíodor Karamazov,
da obra “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoiévski (excelente tradutor do
espírito moderno), que é considerado um dos maiores escritores de todos os
tempos e que aborda a problemática da M moderna sem metáforas, mostra as
distorções e deformidades humanas no próprio homem. A obra do Marquês de Sade
também apresenta características similares, entre outros exemplos modernos. Não
estar mais sob a égide de uma presença que a tudo vê, deixa-nos apenas em
contato com a solidão do próprio eu, regulador primaz da ética e da moral.
O encontro entre criador e criatura
na caverna gelada, momento crucial do filme, confronta um criador desesperado,
frágil, angustiado e “demasiadamente humano”; perante uma criatura
também desesperada, robusta e poderosa, capaz de resistir às agruras de tempo e
da natureza, mas frágil, desprezada pelo pai, desprovida do principal: de
sentido. Na descrição da morte de Willie “Tu me destes estas emoções mas não
me ensinou a usá-las... será que tenho uma alma?” a criatura cobra do
criador o sentido da sua existência, que nem seu criador, a razão, pode lhe
dar. Deu-lhe um poder quase ilimitado, mas não deu-lhe os meios de controlá-los
ou de lhe conferir sentido. Questiona ainda a impossibilidade de sentido dentro
da própria diversidade humana, um questionamento de si através das partes que
lhe compõem, A necessidade de identidade com o mesmo criando e fortalecendo a
possibilidade consolidar o império do eu e negação da alteridade. O pedido pela
criação de uma criatura igual a ele, uma fêmea que lhe proporcionasse a
reconciliação com a humanidade, sua Eva, um semelhante que lhe desse
significado – um mesmo de si: o eu só se sente significado através do próprio
eu refletido no outro. Aqui já se evidencia mais uma vez a impossibilidade da
significância do eu por si.
Que homem/monstro é esse filho da
razão?! Quem é essa criatura multifacetada? Esse eu estilhaçado, retalhado em
vários? A significação através do uno perde o sentido, há um vácuo gerado pela
questão da possibilidade de significação através de vários “eus”. O anti Adão e Eva, a antiqueda ou
o novo Adão representando uma nova queda? Esse novo Adão, não criado por Deus,
mas pela Ciência; não gerado do uno, de um elemento natural básico, mas um Adão
que não foi gerado por um criador também contingente (apesar de não se
aperceber), fruto da obsessão individual, subjetiva. Será que a capacidade
tecnológica, física, de criar a vida é condição suficiente para criá-la?! Como
essa obsessão pode ser compreendida frente a uma teoria do significado:
capacidade de criar o outro a partir do eu como metáfora da capacidade do eu
dar significado ao outro? A obsessão melancólica em superar o absoluto gerando
o ente sem ser e instaurando a melancolia como a dor latente da finitude que
vislumbra o infinito.
“Uma
enxada e uma pá logo em seguida
Um lençol que amortalha o corpo todo
Um buraco depois feito no lodo
Eis ao que se resume a humana vida”
(O Coveiro, Hamlet – Shekespeare).
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