O Grito da Culpa (Camus nos cais do absurdo)
Lourenço Leite
V
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ítima do drama
de consciência o homem
moderno se pretende Senhor
abSoluto de toda forma de sanção , utilizando-se, assim
que pode, de justificativas
racionais que
lhes permitem viver
sem as fissuras
decorrentes da culpa que encobrem o reconhecimento
de outrem . Nesse universo
do novo Jardim
do Éden em
que esse
tipo de homem
se instala, o outro é apenas identificado como
alguém habitando nos
seus arredores .
Distanciado e inteiramente autônomo esse homem quer construir sua morada nesse novo Ethos, sozinho
e Solitário, fugindo
de todo tipo
de julgamento , bem como de todo tipo de sanção que o venha inserir no âmbito da eticidade humana
tradicional. No intuito de tentar descrever um tipo de homem e de seu comportamento moral ,
Camus, em A
Queda , aproxima-se dos cais do oceano
da existência moderna
tendo como alegoria
de fundo a tradição
bíblica do homem vivendo no Éden e sendo expulso
dele, em vista
da elaboração de uma nova morada edênica , contudo ,
sem a presença
racional de outrem .
Em um momento
único e irremissível, um corpo cai na água e o grito que antecede sua queda
ecoa incansavelmente na cabeça desmemoriada de Clamence. Desse modo, Camus
engendra como um deus ex machina, o destino do homem moderno contemporâneo em sua “despretensiosa” obra
A Queda, pelo estilo de
vida de seu protagonista. Publicada em 1956, após as já consagradas A Peste, em 1947 e O
Estrangeiro, em 1942, A
Queda fará de Camus também um escritor sem medidas e sem
metáforas lógicas. Trazendo, portanto, uma novidade que atrairia inúmeras
críticas da intelectualidade da Rive
Gauche francesa, talvez, por justamente,
caricaturá-la. Contudo, a bem da verdade, esta obra dialógica possui um texto
complexo e ambíguo por excelência, revelando um retrato do homem moderno
enjaulado em seu Petit Studio da ex-capital do século XIX.
O protagonista é
definitivamente aquele alienado do mundo (da natureza, do Sol e das paisagens), salvaguardando a
experiência vivida por Camus na Argélia, que se tipifica como o L’Homme du Jour, o do cotidiano sem a luz que faz
ver a interioridade imanente. Clamence é, assim como Camus, um exilado em sua
própria terra. Expatriado de um lugar onde reinavam as cores e os cheiros dos
dias enSolarados. A
nostalgia da pátria de Camus é tão profundamente presente nessa obra que só se
poderia compreendê-la por analogia ao que foi poetizado em Núpcias e O Verão. Poética, portanto, que, além de servir de contraponto ao esmaecido
ambiente da urbanidade parisiense, revela o que seria o seu paraíso perdido
quando descreve em minúcias as características de seu inesquecível povo e de
sua terra sempre presente:
Voici pourtant un peuple sans passé, sans tradition et
cependant non sans poésie —
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Trata-se de
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Ao contrário do homem
argelino em Núpcias , Camus, em A Queda , retrata um outro sem transcendência alguma. Tem-se aqui
a descrição — metaforizada — de um tipo de homem que se iSola para sobreviver , que se
julga para não
ser julgado, que
se protege para não
ser devorado e que
se culpa para
manter a impunidade
diante da justiça ,
porque a verdade
deve estar sempre
ao alcance de sua
mão . A Ética
só se configura como
um paradoxo
da ausência de outrem .
Em A Queda, Camus, simultaneamente, pretende-se
autobiográfico, mesmo que tenha deixado os escritos de O Primeiro Homem (Le Premier Homme[1]),
publicado post mortem, nos quais revelam sua vida do passado sem culpa e sem pai. Camus
vivera no Éden da Argélia, imbuído de uma inocência adâmica, porém a perde,
quando se imiscui da vida urbana e burguesa do pós-guerra europeu.
O protagonista
Jean-Baptiste[3]Clamence
se encontra na selva do cotidiano moderno cercado de prédios por todos os lados
e iSolado de todos os
seres humanos que possam vir colocar em risco sua existência. Clamence
representa também a dicotomia do homem europeu moderno que se iSola do mundo e vive em si mesmo
distanciado de outrem. Ele encarna a queda da civilização mercantilista,
técnica e moderna na barbárie e num inferno em que se tornou o destino do homem
civilizado do pós-guerra. Em meio da Solidão em que vive, Clamence reina como um príncipe enjaulado, porém, sente
a nostalgia de um tempo configurado em sua consciência que quer esquecê-lo. Em
um de seus diálogos iniciais da obra, essa nostalgia se revela:
Vous avez raison, son mutisme est assourdissant. C´est
le silence des forêts primitives, chargé jusqu´à la gueule. Je m´étonne
parfois de l´obstination
|
Tem
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De início , vale destacar
que o protagonista ,
quase todo
o tempo , apesar
de parecer dialogar
com alguém ,
dialoga consigo próprio .
Em verdade , ele é seu próprio interlocutor
— reflexo da expressão
do homem contemporâneo
moderno . Porém ,
o interlocutor evolui na obra para um tipo de
alter-ego, um duplo
de Clamence em razão
de não querer ,
em momento
algum , deparar-se com
outrem para não ter de ser
julgado pelos seus
atos morais .
O outro , desde
o início da obra ,
está configurado como um animal inferior , sem rosto humano e sem fala . A linguagem humana
que se estabelece é a linguagem do surdo
mudo que
fala para si mesmo sem nenhum entendimento e sem
nenhuma interlocução . O homem civilizado nesse tipo
de sociedade se iguala ao homem
do Cro-Magnon que se sentiria desterrado por
não encontrar
nenhuma afinidade cultural. Seria um tipo de homem em que sua animalidade mostrar-se-ia superior
a sua humanidade ,
todavia , diferentemente
da conhecida alegoria
da barbárie da “Torre
de Babel ” [4], em que os homens são todos semelhantes
em atitudes
e em busca ,
porque pretendem re-alcançarem o Éden ao perpetrarem uma subida
única e irreversível ,
sem diálogo
possível com
o abSoluto. Suas consciências
são os limites
da fala da transcendência
e os seus desejos
lascivos circundam toda
forma de elaboração
do paraíso . A organização
social , por
conseguinte , está calcada em um tipo de sociedade animal exemplificado na alegoria
das piranhas encontrado nos rios brasileiros , como
se verifica na narrativa seguinte :
Les Hollandais,
|
Os holandeses
— ah,
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A sociedade em que Clamence está inserido retrata
um homem
lobo do homem ,
mas , inclusive ,
demonstra uma necessidade de limpeza de toda forma de alteridade que se pretenda imaculada
de culpa . Vale
notabilizar-se que a “imaculada culpa ”
remete ao oposto da tradição
bíblica do “pecado original ”.
O homem representado por Clamence não
anui nenhuma imputação de carga hereditária
referente à culpa
de outrem . Seu
ingresso nos
Jardins do novo
Éden só
se fará de forma inteiramente
imaculada , como
se constatou na citação anterior . A sede
natural de liquidação
do outro não
se configura apenas em
querer eliminá-lo, mas ,
sobretudo em querer impedir sua presença . O individualismo aqui
é levado às últimas conseqüências
e o instinto de sobrevivência
toma forma animalesca no sentido
pejorativo do termo ,
visto que
não se verifica esse
tipo de comportamento
no reino animal .
Os animais , por
sua vez ,
ao aniquilarem os demais , fazem-no para proteger o seu território ou para alimentarem-se. No entanto , a vida
na selva urbana ,
sob o ponto
de vista de Camus, é a negação paradoxal
de toda presença
que revele o outro
enquanto semelhante .
O outro é uma ameaça
em todos
os patamares da existência
porque ausculta e perscruta a demonstração do humano
na esfera do cotidiano .
Se alguém não
estiver atento à presença
sinistra de outrem
quando ocorrer
uma exposição de si ,
a conseqüência é a morte
pelo outro . A
título de complemento
do exemplo anterior ,
pode-se notar , na citação
seguinte , essa metáfora
como medo de julgamento do outro :
Mon cher ami, ne leur donnons pas de prétexte à nous
juger, si peu que ce soit ! Ou sinon, nous voilà en pièces. Nous sommes
obligés aux mêmes prudences que le dompter. S’il a le malheur, avant d’entrer
dans la cage, de se couper avec son rasoir, quel gueuleton pour les fauves!
J’ai compris cela d’un coup, le jour où le soupçon m’est venu que, peut-être,
je n’étais pas si admirable. Dès lors, je suis devenu méfiant. Puisque je
saignais un peu, j’y passerais tout entier: ils allaient me dévorer (CAMUS,
1998, p. 67).
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A exposição da interioridade mostrada como
sangue que
escorre de dentro para
fora traz a público
a vulnerabilidade de si que deve ser evitada a todo custo . A cotidianidade do homem
moderno , demarcado em
A Queda , evidencia a total
artimanha da razão
em anular as diferenças encontradas nas relações
humanas e a fortificação da indiferença .
A vida em
Amsterdã é a possibilidade, não somente para Clamence, mas para todo
aventureiro, de fornicação e de obtenção de informação constante. É o lugar
paradisíaco por excelência para se banhar no oceano do cotidiano sem culpa, sem
julgamento e sem a presença de outrem. É o lugar perfeito para que o
individualismo se manifeste com a proteção de seus compatriotas cúmplices da
mesma experiência de vida. É o lugar em que o narcisismo toma forma integral e
o outro não adquire feições de um espelho. Entrementes aos diálogos mantidos
consigo próprio, o protagonista demonstra as invariáveis características desse
tipo de homem do cotidiano:
Il faut le reconnaître humblement, mon cher
compatriote, j´ai toujours crevé de vanité. Moi, moi, moi, voilá le refrain
de ma chère vie, et qui s´entendait dans tout ce que je disais. Je n´ai
jamais pu parler qu´en me vantant, surtout si je le faisais avec cette
fracassante discrétion dont j´avais le secret. Il est bien vrai que j´ai
toujours vécu libre et puissant. Simplement, je me sentais libéré à l´égard
de tous pour l´excellente raison que je ne me reconnaissais pas d´égal. Je me
suis toujours estimé plus intelligent que tout le monde, je vous l´ai dit,
mais aussi plus sensible et plus adroit, tireur d´élite, conducteur
incomparable, meilleur amant. [...] quand je m´occupais d´autrui, c´était
pure condescendance, en toute liberté, et le mérite entier m´en
revenait : je montais d´un degré dans l´amour que je me portais. La même
infirmité qui me rendait indifférent ou ingrat me faisait alors magnanime. Je
vivais donc sans autre continuité que celle, au jour le jour, du moi-moi-moi.
Au jour le jour les femmes, au jour le jour la vertu ou le vice, au jour le
jour, comme les chiens, mais tous les jours, moi-même, Solide au poste (CAMUS, 1998, p. 44).
|
Devo
reconhecê-lo humildemente, meu caro compatriota, fui sempre um poço de
vaidade. Eu, eu, eu, eis o refrão de minha preciosa vida, e que se ouvia em
tudo quanto eu dizia. Só conseguia falar vangloriando-me, sobretudo se o fazia
com esta ruidosa discrição, cujo segredo eu possuía. É bem verdade que eu
sempre vivi livre e poderoso. Simplesmente, sentia-me liberado em relação a
todos pela excelente razão de que me considerava sem igual. Sempre me achei
mais inteligente do que todo mundo, como já lhe disse, mas também mais
sensível e mais hábil, atirador de elite, incomparável ao volante e melhor
amante. [...] Quando me ocupava dos outros, era por pura condescendência, em
plena liberdade, e todo o mérito revertia em meu favor: eu subia um degrau no
amor que dedicava a mim mesmo. [...] O mesmo defeito que me tornava
indiferente ou ingrato fazia-me magnânimo. [...] Vivia, pois, sem outra
continuidade no dia-a-dia, que não fosse a do eu-eu-eu. No dia-a-dia, as
mulheres; no dia-a-dia, virtude ou vício; no dia-a-dia, como os cães, mas
todos os dias, eu próprio, firme no meu posto
(CAMUS, 198-, p. 39-41).
|
O contexto em que se configuram e se realizam todas as feições desse tipo
de homem desnaturado
e recheado de todo tipo
de gordura da mesmice ,
faz de seu protagonista ,
pelas mãos de Camus, alguém que , enquanto advogado
que é, advoga em
causa própria ,
mesmo que
esteja defendendo o seu cliente . Acusa para não ser acusado; monta processo de crimes , para não cair em trâmites de julgamento . Antes , isto é, quando
morava em Paris, era
advogado bastante
conhecido de causas
nobres : a viúva
e o órfão . A justiça
dormia com ele
todas as noites . Além
disso, ele próprio
definia-se como alguém
que “era alimentado por dois sentimentos sinceros :
a satisfação de (se) me encontrar do lado certo do tribunal
e um desprezo
instintivo pelos
juízes em geral ”
(CAMUS, s.d., p. 17). Agora , Clamence, apesar
de seu passado
parisiense ter
lhe levado
a vislumbrar a presença
de outrem , em
Amsterdã, sua vida
adquire outra conotação devido a sua nova função de advogado de causas
nobres a juiz-penitente.[5]
Clamence, além de enveredar
pelos caminhos
da ascensão social ,
empreende uma subida em direção ao que há de mais elevado em sua carreira jurídica . Como
juiz-penitente ele tem às mãos o real poder de aplicar qualquer sentença
ou penalidade
ao réu , que ,
em verdade , é
ele mesmo .
O fato de estar na Holanda, não é por acaso . O país pertence ao que
geograficamente é considerado como integrante dos Países
Baixos . Aqueles
que estão abaixo
do nível do mar
e, por conseguinte ,
submetidos às intempéries da natureza , tais como : inundações ,
chuvas freqüentes
etc. A cidade em
questão é entrecortada de inúmeros canais , o clima
é quase sempre
ameno , chove bastante ,
há nevoeiros e o céu
nem sempre
está enSolarado. Com
efeito , estar
nesse ambiente hidrográfico, do ponto de vista
mítico-religioso, é estar submerso
em um
mundo da expiação
em que
a água representa o batismo
originário . Batismo
esse que
o reconduz a um tipo
de jornada iniciática. Amsterdã, portanto , é o lugar
por excelência
para essa sua
etapa de passagem .
[...] nous sommes au coeur des choses. Avez-vous
remarqué
|
[...] nós
estamos no âmago das coisas. Já reparou que os canais concêntricos de
Amsterdam se parecem com os círculos do inferno? O inferno burguês,
naturalmente, povoado de maus sonhos. Quando se chega do exterior, à medida
que se passa por estes círculos, a vida e, portanto, os seus crimes tornam-se
mais espessos, mais obscuros. Aqui, estamos no último círculo. O círculo
dos...[6]
Ah! Sabe disso? (CAMUS, 198-, p. 14).
|
O personagem , enquanto
herói trágico foge de dois
tipos de perseguição: o riso e o grito emitidos outrora em
Paris, quando lá
vivia como advogado .
Seu destino
de agora em
diante é a irreversibilidade das alturas , conforme
é mencionado em um
de seus diálogos
unilaterais : “Se o destino
me houvesse forçado
a escolher um
trabalho manual ,
torneiro ou
pedreiro — pode estar
certo de que
eu teria escolhido os telhados e feito
amizade com
as vertigens ” [7]
(CAMUS, 198-, p. 21).
A busca de
Jean-Baptiste, o juiz-penitente, é por algo que recusa paradoxalmente
encontrar. Uma presença foi instalada em seu ser que somente poderia ser
compreendido pela via alegórica do pecado original. Ele, como se assinalou
anteriormente, precisa se tornar de novo imaculado de toda mancha que venha
comprometer sua nova categoria social e existencial. É o desterrado perdido no
anonimato da vida urbana e tecnicista em que o outro, mesmo Solfejando sua presença, não o retira de
seu mundo nem o desloca de sua carapaça. Sua indiferença é mantida pela força
da impunidade social, histórica e metafísica. De tudo e de todos o protagonista
dessa história deve estar ileso. Seu poder de viver no anonimato da cidade das
águas é abSolutamente inquestionável. No relato a
seguir, Clamence mostra-se como se pode sobreviver a todo tipo de impunidade:
Ma profession satisfaisait heureusement cette vocation
des sommets. Elle m´enlevait toute amertume à l´égard de mon prochain que
j´obligeais toujours sans jamais rien lui devoir. Elle me plaçait au-dessus
du juge que je jugeais à son tour, au-dessus de l´accusé que je forçais à la
reconnaissance. Pesez bien cela, cher monsieur : je vivais impunément.
Je n´étais concerné par aucun jugement, je ne me trouvais pas sur la scène du
tribunal, mais quelque part, dans les cintres, comme ces dieux que, de temps
en temps, on descend, au moyen d´une machine, pour transfigurer l´action et
lui donner son sens (CAMUS, 1998, p. 26).
|
A
|
O protagonista em
apreço manipula de tal
maneira as justificativas
de suas ações
morais que
consegue se igualar ao deus
ex machina encontrada nas representações
da Tragédia Grega ,
principalmente nas de Eurípedes. A renúncia de sua
culpa é vertiginosamente
conduzida a um estado
de consciência em
que a ação
adquire força esmagadora para
poder sucumbir toda e qualquer
fissura hereditária
ou conduta
ocorrida no seu próprio
passado . Adiante ,
poder-se-á verificar como
Clamence, numa reinterpretação dos atos
cometidos, destrói a temporalidade lógica
da narrativa e faz com
que o leitor
se remeta a Paris, em um dado momento único e
irremediável , quando
um RISO
ecoa na noite e vai persegui-lo até Amsterdã.
Je
|
Vraiment, mon cher compatriote, je vous suis
reconnaissant de votre curiosité. Pourtant, mon histoire n´a rien
d´extraordinaire. Sachez, puisque vous y tenez,
|
[...] la raison universelle, pratique
|
[...] essa
|
A nova ordem
estabelecida na vida de Clamence é um tipo de configuração de sentimentos
que não
pode ser explicado pela
simples razão
que se ocupa da sobrevivência
e da aparência . A mundaneidade de seu cotidiano não tem elementos
suficientes para
uma hermenêutica do inexplicável .
A natureza humana ,
mais uma vez ,
sob a luz
camusiana, é mostrada através da obscuridade do protagonista
e sua autoculpabilidade. A circunstância em
que tudo
houvera começado, em verdade ,
só adquiriria sentido
com a narrativa
da queda do corpo
no rio . O seu
barulho , tênue
naquela ocasião , tornar-se-ia ensurdecedor e o perseguiria em
toda a sua
existência , limitada que fosse à obra
A Queda . A sua
felicidade , a partir
daquele momento , tornar-se-ia inteiramente comprometida. Sua
inocência primitiva
acabaria com a explosão
do riso , com
o barulho da queda
ela se estilhaçaria. O Sol, a verdade ,
a fé no homem ,
tudo estava perdido. Convém, mais uma vez , retomar a narrativa
da queda que
se iguala em riqueza
de detalhes à descrita no O Estrangeiro , quando
da morte do Árabe na praia :
Cette nuit-là, en novembre, deux
|
Naquela
|
A chuva que se
segue ao grito ecoado naquela noite
interminável é a representação
camusiana do apelo expiatório
que deve se completar .
Camus, desse modo , transfere seu personagem para a Holanda, lugar
onde ele
poderá ser rebatizado pelas águas
dos canais da humanidade
perdida. Somente assim
poder-se-ia falar de uma ética
do humano a ser
restaurada ou de uma ética a ser aplicada em situações
humanas, mesmo sem
precedentes. O contrário dessa
possibilidade é o retorno a barbárie onde a
civilidade não
assume feições éticas .
Destituição, portanto , de qualquer morada
em um
Ethos[10]
verdadeiramente humano . A ética camusiana, por
conseguinte , não
parte de nenhuma esfera
transcendental para
nortear a conduta
humana . A ética
camusiana tem seu ponto
de partida no Ethos como nova morada do agir humano . A existência
do homem — somente
ela — é garantia
ética da sobrevivência
de si mesmo
e de outrem .
A
absurdidade da indiferença ocorrida na noite da queda é também acompanhada da
absurdidade de um suposto suicídio. O personagem de A Queda é deparado,
inclusive, com essa atitude de autoaniquilamento e que ele, naquele instante,
representar-se-ia a sociedade em sua indiferença ambulante. A suicida —
admitindo que a queda fora proposital — não tivera que apelar a atenção de ninguém
para expressar o motivo de sua morte. Seu testemunho ficara perdido na
escuridão da noite da existência humana. Todos estavam ausentes. Inclusive
Clamence. Porém, paradoxalmente, ele
carrega consigo não somente as evocações do RISO e do GRITO, mas também
a dor de sua indiferença que fora relegado à citadina. A redenção, portanto,
ocorre quando ele consegue elaborar as razões que poderiam ter levado ao
suicídio da desconhecida por meio de seu diálogo unissonante:
“Il s’est tué parce qu’il n’a pu supporter de...” Ah!
cher ami,
|
“Matou-se
|
O ingresso do suicida no inferno do esquecimento
motivado pela indiferença
faz de Clamence um ator
desmesurado da vida .
Imediatamente ao diálogo
da justificativa da morte
por suposto
suicídio , Camus redime-o com
sua experiência
pregressa da Argélia do Sol e o torna
vívido de felicidade
por estar e querer viver , quando afirma: [...] “eu amo a vida , eis a minha verdadeira fraqueza .
Amo-a tanto , que
não tenho nenhuma imaginação
para o que não for vida ”
(CAMUS, 198-, p. 60).
O
protagonista não quer cair no esquecimento, por isso a demonstração de uma
avidez em querer viver eternamente como um ser impune de qualquer julgamento.
Mas ele só será lembrado em vida, logo, deve-se viver para se ver o
reconhecimento de sua presença. Sua atitude de indiferença, sub-repticiamente,
não deve ser imitada por nenhum dos mortais. Diferentemente disso, sua vida
adquiriria feições inimagináveis de exclusão social. Todavia, precisa entender esse
“desconforto” que o persegue para poder definitivamente se livrar dele e viver
em paz. A maneira que Camus encontra para redimir Clamence das “câimbras”
iniciadas nos cais do Sena é remetê-las, metaforicamente, a todos os homens:
[...] ce cri qui, des années auparavant, avait retenti
sur la Seine, derrière moi, n´avait pas cessé, porté
|
[...]
|
Ao se remeter às câimbras [11],
isto é, a culpa
a todos os homens ,
Clamence identifica a culpabilidade histórica
da humanidade e ao mesmo
tempo à inocência
perdida. O desconforto impetrado aos
“culpados” pelos algozes
na Idade Média
ainda permanece inalterável .
Modificaram-se apenas as formas de se fazer admitir a culpa . A cela em que se joga um culpado nos dias de hoje não está mais
restrita a uma masmorra ou a um porão imundo cheio de ratos .
A força do carrasco
aumentou ao longo da experiência histórica
contra o antimoralismo social . Com a
modernidade tardia os mecanismos de repressão
a todo tipo
de revolta e de indignação
se tornaram eficientes a ponto
de seu controle
se fazer em qualquer lugar .
O “grande irmão” [12]
possui recursos abSolutos de vigilância
e de coesão . Antes ,
limitado ao obscurantismo medieval ,
agora , ilimitado aos meios midiáticos e informáticos de proliferação
da ideologia de sanção .
A onipotência medieval se atualizou pela onipresença
dos meios de comunicação .
O modelo de vida
social não
é mais determinado
pelo “grande irmão ”, mas pelo modelo de vida de seus cidadãos .[13]
A ideologia não
precisa mais
dos campos de concentração
nem das estepes
siberianas. A alienação , enquanto peste
social ocorre em toda
parte e faz de suas
vítimas moribundas ambulantes
e “distanciadas” de toda inoculação de vacina . Camus, em
A Peste , ao metaforizar a ocupação
nazista em
Paris na segunda grande
Guerra Mundial, alude
para os efeitos
que uma ocupação
ideológica pode causar nos
cidadãos .
On peut dire
|
Pode-se
|
A transferência de culpa
efetuada por Clamence, como se viu anteriormente ,
enfatiza a culpabilidade universal e a negação de toda
inocência . Com
efeito , o fato
de condenar a todos
traz consigo a atitude
de revolta perante
uma sociedade que
busca encontrar
sempre justificativas
para todos os
seus crimes .
Apesar da indicação
de condenação conter
em seu
bojo uma dose
de transferência , não
invalida, simultaneamente, o discernimento
da culpa de outrem .
É preciso , não
somente , assumir o mea
culpa , mas ,
sobretudo , revoltar-se com
as “quedas ” estendidas nas calçadas do cotidiano :
Le grand empêchement à y échapper n´est-il pas
|
O
|
L´essentiel est de pouvoir tout se permettre, quitte à professer de temps en
temps, à grands cris, sa propre indignité. Je
|
O
|
A presença
do riso ou do grito torna Clamence um ser que duvida de sua própria perseguição
porque vive nas alturas de sua soberba e de sua arrogância. Devido sua
categoria social, a existência adquire um tipo de isenção e de indiferença
perante a culpa incomparavelmente individualista. O novo homem do Apocalipse,
em verdade, é o homem novo do Éden urbano. Tudo é permitido:
Quelle ivresse de se
|
A redenção , como
se vê imediatamente
anterior , dá-se no bondoso
e no cruel cotidiano
da existência . Paradoxo
da abSolvição, o dia-a-dia
mostrado por Camus não
perdoa os sobreviventes da condição comum . A repetição ,
enviesada pelo desespero
da falta de se poder
desvencilhar-se, cria obstáculos para qualquer um . Contrariamente, o protagonista
flana em seu
dia-a-dia mesmo
percebendo a presença de uma ausência
desconcertante que
outrora havia subvertido a harmonia da noite .
Ces nuits-là, ces matins plutôt, car la
|
Nessas noites,
ou melhor, nessas manhãs, pois a queda produz-se ao romper da aurora, eu
saio, parto, numa marcha impetuosa, ao longo dos canais. No céu lívido, as
camadas de penas adelgaçam-se, as pombas sobem um pouco, uma claridade rósea
anuncia, ao nível dos telhados, um novo dia da minha criação (CAMUS, 198-, p.
111).
|
O
« flâneur » do cotidiano , após a aurora da queda , passeia nos cais da existência retirando toda
e qualquer absurdidade. O grito
sem culpa
perpassa sua alma
como uma espada
que não
dilacera mais sua
interioridade nem insidia uma dicotomia de sua
personalidade . A aurora
da libertação já
está instalada em seus
pensamentos e em
suas atitudes .
É preciso planar
por sobre
tudo que
está posto :
[...] planant
|
[...] planando
|
A experiência vivida
sob os auspícios
do Sol vem à tona
no discurso irreverente
de Clamence. Experiência que não se
demonstra em nenhum
momento da obra
literária , mas
é subentendida como algo
vivido por
outrem e que
se guarda na memória
do protagonista como
sinal do paraíso
perdido. O “flâneur” do cotidiano moderno almeja a todo
custo viver como um transeunte inocente ,
imune de todo
tipo de contaminação de outrem , asséptico
de qualquer epidemia
alienante sem saber
que carrega o vírus
da alienação irreversível .
Seu estado
de saúde é terminal .
Sua única
chance de sobrevida
após a entrada
no coma da indiferença
abSoluta é a esperança
de que o outro
se torne presente de novo .
Assim sendo, Camus anteviu no final de A Queda , a única e irremovível saída
humana do rio
da indiferença :
Alors, racontez-moi, je vous prie, ce qui vous est
arrivé un soir sur les
|
Conte-me,
|
Desse modo , Camus não
quer apenas
propor a salvação dos corpos
contaminados pela peste ,
como se vê
em A Peste ,
mas , sobretudo
“salvar as consciências ”
muito mais
doentes ainda ,
pois elas
decidiram, em nome
de idéias abSolutas e inumanas, como
descreve André Nicolas: “considerar a vida como qualquer coisa de negligente , invertendo assim
o sentido da revolta
que insurge os homens
contra Deus ,
em favor dos homens , mas não os homens contra eles mesmos ” (NICOLAS, 1966, p. 178).
Com A
Queda a humanidade entra no “confessionário de sua consciência e Camus
espera que ela saia regenerada”, consciente de seus limites e de suas
responsabilidades, mas, sobretudo disponível a tudo que é humano. A Solidariedade, por conseguinte, poderia
vir à tona mesmo que tivesse caído no “rio da indiferença”. Vale lembrar, mais
uma vez, a descrição poética que Camus engendra em O Verão, quando
remete a Prometeu a tarefa de que todos os homens possam vislumbrar mais uma
vez as primaveras do mundo:
Au coeur le plus sombre de l´histoire, les hommes de
Prométhée, sans cesser leur dur métier, garderont un regard sur la terre, et
sur l´herbe inlassable. Le héros enchaîné maintient dans la foudre et le
tonnerre divins sa foi tranquille en l’homme. C’est ainsi qu’il est plus dur
|
No
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[1] Iniciado em 1959, um ano antes de sua trágica
morte. (N. do A.).
[2] A Queda – cf. Livro
do Gênesis: “A serpente era o mais astuto de todos
os animais dos campos ,
que Iahweh Deus
tinha feito .
Ela disse à mulher :
“Então Deus
disse: Vós não
podeis comer de todas as árvores
do jardim ?” A mulher
respondeu à serpente : “Nós podemos comer do fruto das árvores
do jardim . Mas
do fruto da árvore
que está no meio
do jardim , Deus
disse: Dele não comereis, nele não tocareis, sob
pena de morte .”
A serpente disse então
à mulher : “Não ,
não morrereis! Mas
Deus sabe que ,
no dia em
que dele comerdes, vossos
olhos se abrirão e vós
sereis como deuses ,
versados no bem
e no mal .” A mulher
viu que a árvore
era boa ao apetite
e formosa à vista ,
e que essa árvore
era desejável para
adquirir discernimento .
Tomou-lhe do fruto e comeu. Então abriram-se os olhos
dos dois e perceberam que
estavam nus ; entrelaçaram folhas de figueira
e se cingiram. Eles ouviram o passo de Iahweh Deus
que passeava no jardim
à brisa do dia
e o homem e sua
mulher se esconderam da presença
de Iahweh Deus , entre
as árvores do jardim .
Iahweh Deus chamou
o homem : “Onde
estás?”, disse ele . “Ouvi teu passo no jardim ,” respondeu o homem ;
“tive medo porque
estou nu , e me
escondi.” Ele retomou: “E quem te fez saber que estavas nu ? Comeste, então ,
da árvore que
te proibi de comer !”
O homem respondeu: “A mulher que
puseste junto de mim
me deu da árvore ,
e eu comi!” Iahweh Deus
disse à mulher : “Que
fizeste?” E a mulher
respondeu: “A serpente me seduziu e eu
comi.” Então Iahweh Deus
disse à serpente : “Porque
fizeste isso és maldita
entre todos
os animais domésticos
e todas as feras selvagens .
Caminharás sobre teu ventre e
comerás poeira todos
os dias de tua vida .
Porei hostilidade entre
ti e a mulher , entre
tua linhagem e a linhagem
dela. Ela te
esmagará a cabeça e tu
te ferirás o calcanhar .”
À mulher ele
disse: “Multiplicarei as dores de tuas gravidezes , na dor
darás à luz filhos .
Teu desejo
te impelirá ao teu
marido e ele
te dominará.” Ao homem ,
ele disse: “Porque
escutaste a voz de tua mulher e comeste da árvore
que eu
te proibira comer ,
maldito é o Solo por causa
de ti! Com sofrimentos dele te nutrirás todos os dias
de tua vida . Ele
produzirá para ti espinhos
e cardos, e comerás a erva dos campos . Com o suor
de teu rosto
comerás teu pão
até que
retornes ao Solo, pois dele foste
retirado. Pois tu
és pó e ao pó
tornarás.” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 1985, p
34).
[3] É provável que Camus tenha criado o nome do
protagonista em alusão a João Batista, figura bíblica do Novo Testamento que
praticava batismos no rio Jordão e pregava a vinda do messias que haveria de
batizá-lo. No entanto, o fato de João Batista ser aquele que batizava com água,
remete, mesmo que, a “grosso modo”, a Jean-Baptista Clamence que precisa ser
purificado com água, como uma catarse do seu espírito em estado de culpa, como
verificar-se-á em sua estada nos países baixos.
(N. do A.).
[4] A Torre de Babel — todo o mundo se servia de uma mesma língua e das
mesmas palavras. Como os homens emigrassem para o oriente, encontraram um vale
na terra de Senaar e aí se estabeleceram. Disseram um ao outro: “Vinde! Façamos
tijolos e cozamo-los ao fogo!”. O tijolo lhes serviu de pedra e o betume de
argamassa. Disseram: “Vinde! Construamos uma cidade e uma torre cujo ápice
penetre nos céus! Façamo-nos um nome e não sejamos dispersos sobre toda a
terra!” Ora, Iahweh desceu para ver a cidade e a torre que os homens tinham
construído. E Iahweh disse: “Eis que todos constituem um só povo e falam uma só
língua. Isso é o começo de suas iniciativas! Agora, nenhum desígnio será
irrealizável para eles. Vinde! Desçamos! Confundamos a sua linguagem para que
não mais se entendam uns aos outros”. Iahweh os dispersou dali por toda a face da terra, e eles cessaram de
construir a cidade (BÌBLIA DE JERUSALÉM, 1985, p. 45).
[5] Juiz-Penitente — enquanto termo jurídico, não
se aplica mais. Atualmente, a função de juiz abarca qualquer função que lhe
seja peculiar. (N. do A.).
[6] O círculos dos... Camus faz alusão aos Círculos dos Infernos de Dante
descritos na Divina Comédia no Canto XXXII : “os poetas chegam à planície do
nono e último Círculo, formada pelas águas geladas do Cocito (rio de passagem
entre o Hades e o Mundo dos Vivos, lugar dos gemidos e das lamentações – N. do
A.). quedavam-se ali os traidores em quatro giros concêntricos: a Caína, para
os que atraiçoaram o próprio sangue; a Antenora, para os que atraiçoaram a
pátria; a Toloméia, para os que atraiçoaram os amigos; e, finalmente, a Judeca,
para os que atraiçoaram seus chefes e benfeitores”. (ALIGUIERI, 1979, p. 379).
[7] Si le destin m’avait obligé de choisir un métier manuel, tourneur ou
couvreur, soyez tranquille, j’eusse choisi les toits et fait amitié avec les
vertiges (CAMUS, 1998, p. 25).
[8] Esses deuses — remissão
feita ao Deus
Ex Machina, uma espécie de fatalidade cega ,
como a Moîra, pesa
sobre os personagens
da Mitologia Grega
como uma verdadeira maldição .
[9] DeSolação — a remissão dessa situação para um tipo
de entendimento analógico poder-se-ia encontrar na natureza em sítios
geográficos encontrados em alguns desertos do planeta, tais como: Atacama no
Chile, Planícies da Sibéria, Deserto de Kalahari dentre outros. A deSolação é uma mostra de ausência de ninguém e de nenhuma coisa, de tal
modo, que a sua sensação em algumas pessoas pode desencadear a agorafobia e, em
outras, o desespero da Solidão cósmica. Na deSolação tudo de outrem é marcado pela ausência como se a composição natural
daquele lugar estivesse paralisada. (N. do A.).
[10] Ethos — verdadeiramente humano: convém abalizar que as relações
humanas começam a se configurar a partir do Ethos e não mais dentro de
um contexto restrito como o da Oikia (morada originária do homem primitivo sob a
égide do déspota). O homem ético advirá do seu Ethos. O Ethos como
cultura humana da produção, do agir, do fazer, do pensar do querer. Tudo isso
será determinante para a instauração da Ética. Ela, portanto, começará a
aparecer quando o homem estiver inserido dentro de um outro contexto mais
político, antes despótico; assim ele estará no caminho do Ethos. Esse caminho começa a se definir quando o homem aprende a
dar os primeiros passos fora da Oikia.
As relações humanas culturais começam a definir uma nova moral. Antes, na Oikia, essa moral era individualista,
agora, fora, no mundo, ela é coletiva. O homem, por sua vez, diante de costumes
e hábitos diferentes dos vividos nos limítrofes da “toca” percebe que eles só
têm sentido fora. Ele começa então a perceber que a espontaneidade da Physis não tem mais lugar nem força como
antes. O que vai definir de agora em diante o agir humano é a vivência desde
seu Ethos. Diferentemente do estar
vivendo sob a Physis, no reino da
espontaneidade, agora é o viver sob os moldes da liberdade. O homem aprende a
ser livre somente no Ethos. Aqui ele
reconhece a marca da diferença entre ser espontâneo e ser livre. (N. do A.).
[11] Câimbras — termo metafórico que se refere à
culpa de Clamence; encontra-se, igualmente, como “desconforto” no sentido de perseguição de
culpa, remorso. (N. do A.).
[13] O “Big Brother” da mídia
capitalista , por
exemplo , re-instaura a vigilância às avessas .
Ao invés de ver
e escutar as escondidas
o dia-a-dia privado
de seus escravos ,
torna-o público para
poder disseminar sua ideologia através de seus
estilos de vida ,
já configurados e contaminados. (N. do
A.).
[14] A alegorização sempre
presente da gênese
do homem sob
os moldes bíblicos faz de Camus um autor de uma
ambigüidade quase
inigualável na literatura
que se nomeia agnóstica .
(N. do A.).
[15] Consuetudinário
— que se pratica repetidamente, como
um costume ; usual , costumeiro ,
habitual ; que
diz respeito aos costumes
de um povo .
(N. do A.).
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